CHUANG TZU E A BORBOLETA

21/08/2014 20:20

Uma vez eu sonhei que era uma borboleta, voando entre as flores e arbustos do jardim.

 Tudo era tão concreto e real que em momento nenhum do meu sonho suspeitei que a borboleta era eu ou que eu fosse a borboleta. 

Para todos os efeitos possíveis e imagináveis, eu era, eu agia e eu realmente me sentia uma borboleta, cumprindo o destino de uma borboleta qualquer. 

De repente, eu acordei e lá estava eu, sendo a pessoa que eu sempre fui – ou que sempre imaginei ser. Sei muito bem que entre um homem e uma borboleta há tantas diferenças fundamentais e insuperáveis que a transformação de um no outro é algo simplesmente impossível de acontecer no mundo real.

 É por isso que, desde então, eu nunca mais tive sossego quanto à minha verdadeira identidade. Pois não há nada que me permita saber, com toda certeza e rigor, sem nenhuma margem de dúvida, se eu sou verdadeiramente um homem, que um dia sonhou que era uma borboleta, ou se eu sou uma borboleta, sonhando que é um homem.

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